![Canção em tempo de pandemia [Canção em tempo de pandemia]](http://academiadeletrasdabahia.org.br/fotos/noticias/8/IMAGEM_NOTICIA_1.jpg?v=c0d95a6907831ee)
Acadêmico Ruy Espinheira Filho teve seu poema Canção em tempo de pandemia publicado em matéria da Revista Muito do Jornal A tarde, em 16/08/2020.
Na matéria, escrita pelo jornalista Gilson Jorge, alguns poetas baianos foram chamados a apresentar sua produção poética nestes tempos de pandemia e isolamento.
Segue trecho da matéria seguido do poema de Ruy:
Membro da ALB, professor da Ufba e vencedor dos prêmios Cruz e Sousa e da Academia Brasileira de Letras de Poesia, Ruy Espinheira Filho mostra indignação com a forma como o lucro e a manutenção das riquezas de uma minoria são priorizados, mesmo em face de uma crise sanitária.
“É inaceitável o aumento da miséria e a concentração de bilhões nas mãos de uns poucos. Para que eles vão querer tanto dinheiro”, questiona o poeta.
Ruy pontua que a pandemia não é uma novidade histórica, o é apenas para a nossa geração e demarca sua falta de ilusão de que alguma coisa mude por causa do sofrimento atual.
“Eu não sou um homem com esperança na humanidade”, afirma o poeta, ao destacar o predomínio da violência, da estupidez, da falsidade e da ambição desmedida.
Canção em tempo de pandemia
Ruy Espinheira Filho
Dentro do mundo parado
reexaminamos a vida:
por que a tornamos assim
tão infeliz, tão perdida?
Injusta, fria, inconsciente,
amarga mais do que fel,
mentirosa, desonesta,
gananciosa, cruel!
Vendo só poder e lucro,
com arrogância, impiedade,
matando o direito de
busca da felicidade!
Ah, é a construção de um mundo
em lamaçal de vaidade,
da mais dura indiferença
e vasta mediocridade
que vão sempre corrompendo,
querendo tudo aviltar,
pregando por toda parte
que está proibido sonhar.
Sonhamos, porém... Vencida
a pandemia, será vez
de mudar a nossa vida
em outra melhor, talvez...
Talvez... Mas se não pudermos
jamais derrotar o mal,
que venha – e será bem-vinda! –
a Pandemia Final!