Academia de Letras da Bahia lança quatro livros com diversidade temática, na próxima sexta-feira (30)
No dia 30 de agosto (sexta-feira), às 17h, a Academia de Letras da Bahia realiza mais uma edição do projeto Livros na Mesa. Desta vez, serão lançadas quatro obras:
‘A mão no escuro: antologia poética’, de Roberval Pereyr; ‘Rosas de Jericó’, de Johnny Guimarães; ‘Escrever no grão de pólen, antologia de haicais do Brasil contemporâneo’, organizado por Alexandre Bonafim, Fábio Júlio e Liliane Viana Machado; e ‘Os náufragos eruditos: Hera – 50 anos da Revista’, de Wellington Freire. Os três primeiros saem pela editora Cavalo Azul, enquanto o último, pela editora Mondrongo.
Em ‘Escrever no grão de pólen, antologia de haicais do Brasil contemporâneo’, o leitor encontra três haicais assinados pelo membro da ALB, Aleilton Fonseca, que ocupa a cadeira 20. Neles, o autor exprime uma percepção afetiva da presença, da beleza e das cores das rosas que ele cultiva no seu próprio jardim.
Os haicais são poemas curtos de origem japonesa, que se caracterizam pela simplicidade, brevidade e objetividade.
Aberto ao público, o evento Livros na Mesa acontece na Academia de Letras da Bahia fica no Palacete Góes Calmon, localizado na Av. Joana Angélica, 198, Nazaré.
A Academia de Letras da Bahia tem apoio financeiro do Governo da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
LIVROS QUE SERÃO LANÇADOS
Escrever no grão de pólen: antologia de haicais do Brasil contemporâneo
Organizadores:
- Alexandre Bonafim
- Fábio Júlio
- Viviane Viana Machado
- Editora Cavalo Azul
Nesta antologia do haicai do Brasil contemporâneo, a editora Cavalo Azul nos proporciona uma obra fundamental para compreender e mapear as características, as feições que tal emblemático gênero clássico da literatura japonesa adquiriu e apresenta nos dias de hoje. Trata-se de um livro capaz de fotografar, desvelar um cosmos, um universo pleno de significados, de matizes, de prismáticos tons de linguagens, em que o haicai, pelo viés da leitura crítica dos poetas, vai se moldando e se construindo, firmando-se como um gênero hoje já totalmente afeito e aclimatado ao universo cultural do Brasil. Um haicai com paisagens brasileiras, com cheiro de vegetação do Cerrado e seus buritis e frutos agrestes, haicais que carregam o fulgor do mar da Bahia, a austeridade e pureza do sertão nordestino, mas também a fumaça das grandes metrópoles, como São Paulo, Goiânia, Curitiba, Salvador. O haicai tipicamente brasileirinho, para lembrar o choro de Waldir Azevedo, a toque de acordeão, pandeiro e bandolim, haicai-samba com sabor de feijoada e acarajé, de tamarindo e pequi. Uma festa tropical marcada pelo compasso dos poucos versos, pelo equilíbrio nipônico, pelo espírito zen, mas também pela alegria desnuda dos Orixás e deuses indígenas, com santos católicos e deuses delicadamente selvagens, os deuses da poesia. Nesta obra, portanto, o leitor irá saborear todo um universo de mil cores, de múltiplos sopros e acordes, uma aventura que, com certeza, irá levá-lo de Tóquio ao Oiapoque, do Chuí a Nagasaki. Um livro marcialmente em ritmo de capoeira e festa de João. A todos os leitores, boas-vindas a essa festa das cerejeiras em flor, a essa batucada de Bumba meu boi!
A mão no escuro – Antologia poética
- Roberval Pereyr
- Editora Cavalo Azul
A poesia de Roberval Pereyr se sustenta na pesquisa da alma humana, vasculhando as várias máscaras que compõem nossa condição. Trata-se, à maneira de Pessoa, de uma escavação do eu, abrindo na subjetividade uma verdadeira dramaturgia do ser. Todavia, num mergulho místico e, ao mesmo tempo, muito humano, o poeta vai além do bardo português, pois abre, no cerne da voz poética, o desvelamento do mito como presença do sagrado em nossa humanidade. Se Pessoa encontra, no seu jogo de personas, o não-ser, Roberval vislumbra não só essa mesma vacuidade de tal ser, mas, também, o supra-ser, ou o ser numinoso que há em nossas várias vozes. Todavia, tal desvelamento do numinoso está longe de ser uma epifania solar. Trata-se de uma abertura para o tremendum, ou o sagrado selvagem, tal como formulou Rudolf Otto.
As Rosas de Jericó
- Johny Guimarães
- Editora Cavalo Azul
A escrita poética de Johny Guimarães é fundamentalmente cinematográfica, ela se vale de percepções breves e fugidias da realidade, como se olhar de uma câmera estive captando e registrando cenas. Nesse sentido, Rosas de Jericó apresenta um ordenamento interno em termos quase narrativos, uma narrativa de guerra. (…) Embora restrito a uma circunscrição geográfica claramente delimitada – Faixa de Gaza -, o espaço ficcional abarcado pelos poemas pretende representar a intemporalidade dos desrespeitos aos direitos fundamentais do homem.
Os náufragos eruditos: 50 anos da revista Hera
- Wellington Freire
- Editora Mondrongo
Obra importantíssima para a literatura baiana que faz a historiografia crítica da revista Hera e dos seus principais colaboradores ao longo de suas 20 edições publicadas. O lançamento da editora Mondrongo é um estudo do escritor e ensaísta Wellington Freire, que é Doutor em Literatura e Mestre em História, atualmente concluindo doutorado em Estudos Clássicos na Universidade de Coimbra, Portugal. Na obra em questão, ele demonstra que o movimento Hera, ao contrário do que aconteceu com a maioria das vanguardas europeias, não surgiu a partir de encontros de intelectuais boêmios em bares ou cafés. Seu surgimento se encontra associado a um espaço institucionalizado e a um acontecimento fortuito, o encontro de algumas mentes artísticas talentosas com um poeta em fase de maturação. Embora não seja lícito sugerir que Antônio Brasileiro – então exercendo a condição de professor de ensino médio da rede pública de ensino – tenha exercido a mesma função que Virgílio exerce sobre Dante a partir do encontro inicial na floresta escura, seu status de influência, na fase inicial de formação do grupo, é incontestável.