João Carlos Salles

Cadeira 32

Foto: arquivo

Biografia

Eleito em 3 de julho de 2014, tomou posse em 04 de novembro de 2014, no salão nobre da atual sede, sendo saudado por Paulo Costa Lima.

João Carlos Salles Pires da Silva nasceu em 12 de maio de 1962, em Cachoeira, no sobrado de número 8 da Praça da Aclamação, onde então lembra de ver seu pai de criação, Divaldo Sales Soares, jogar biriba com Mateus Aleluia e Dadinho, do grupo Os Tincoãs, e onde hoje funciona o espaço de artes Pouso da Palavra. Filho de Wanderley Pires da Silva e Lêda Lícia Salles Pires da Silva (antes Dantas Salles Ribeiro), foi criado por seus tios avós Divaldo e Guiomar, por causa da morte de sua mãe Lêda, quando mal completara 11 meses. Muito em decorrência dessa morte precoce, precisou começar bem cedo o primário na Escola São José, tendo cursado depois o ginásio no Colégio Estadual da Cachoeira, até mudar-se em 1975 para Salvador, para o Colégio 2 de Julho e para uma nova vida, em um ambiente de contracultura, logo temperado de macrobiótica e marxismo, com bastante leitura e muita militância política, vinculada em seguida à Ação Popular Marxista-Leninista. Ingressa na UFBA em 1979 e, mesmo sendo aluno do primeiro semestre de uma Faculdade muito politizada, foi um dos três delegados do Curso de Economia no Congresso de Reconstrução da UNE. Teve a sorte talvez de depois perder a eleição para o DCE, como candidato a Vice-Presidente na Chapa Voz Ativa, com o que, em 1981, teve algum sossego de uma militância que já completava a todo vapor e inteira dedicação mais de cinco anos, e pôde deslocar sua energia para sua formação profissional no curso de filosofia da UFBA, para o qual se transferira. Acredita ter caído então nas graças dos professores do Departamento de Filosofia, Ubirajara Rebouças, Fernando Rego, Delmar Schneider, Ruy Simões, Álvaro Menezes, que logo o acolheram como colega, em 1985, em estatuto ainda precário, até que, em janeiro de 1990, por concurso público, se tornou professor do quadro permanente da UFBA. Às leituras de Marx e outras tantas de extração fenomenológica, somavam-se desde a graduação as de Hume e, cada vez mais, as de Wittgenstein, com um mestrado de entremeio sobre Durkheim, em ciências sociais na UFBA, orientado por Ubirajara D. Rebouças. Nascido seu filho, Pedro Santos Salles Pires, em 1991, começou a preparar-se para completar a formação fora de Salvador, uma vez que não tínhamos na Bahia sequer um curso de mestrado em filosofia. O Doutorado na Unicamp, iniciado em 1994, firmou sua paixão por Wittgenstein, tendo redigido sua tese sob os auspícios de Arley R. Moreno, em uma orientação deveras exemplar, na qual, segundo acredita, os gestos teóricos, sendo inclusive recíprocos, assim como internas as relações, não ocorrem por causa do outro, mas sim graças a ele. Retorna do Doutorado em 1999 e logo assume funções de gestão e de política acadêmica. Sua militância parece escolher novos caminhos e se revestir de novas formas, tanto na própria UFBA quanto nacionalmente (nesse caso, em especial, na ANPOF e em comitês da área de filosofia na CAPES e no CNPq), tendo ele tido algum protagonismo na criação, em 2001, do Curso de Mestrado em Filosofia e, enfim, do Curso de Doutorado em Filosofia da UFBA, em 2008. Nessa toada, tem mantido sua produção acadêmica (marcada, admite, por certa veleidade literária e pelos ares remotos de Cachoeira), tendo organizado vários livros e publicado os seus próprios, e tem liderado um animado grupo de pesquisas em filosofia moderna e contemporânea, autointitulado “Empirismo, Fenomenologia e Gramática”, com cuja ajuda e a dos colegas de filosofia organizou umas três dezenas de eventos (com destaque para dois encontros nacionais da ANPOF e um Congresso da Sociedade Interamericana de Filosofia). Em meio a todos esses gestos e textos, assumiu funções administrativas e políticas diversas na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, e mesmo na própria UFBA, de sorte que, um tanto inadvertidamente, mas talvez com algum sentido, seus passos o conduziram, em 2014, à condição de Reitor da UFBA e ao convívio dos confrades e confreiras da Academia de Letras da Bahia.

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