Paulo Costa Lima

Cadeira 8

Foto: arquivo

Biografia

Eleito em 1o de outubro de 2009, tomou posse em 17 de dezembro de 2009, no salão nobre da atual sede, sendo saudado por Edivaldo Boaventura.

Paulo Costa Lima nasceu em 26 de setembro de 1954, em Salvador, no bairro de Brotas, na casa de seu avô materno João Augusto Costa, conhecido fabricante dos Cofres Lusitanos. Filho de Antonio Batista Lima e Dinorá Costa Lima, veio compor uma família de quatro, com seu irmão mais velho, João Augusto Costa Lima. Fez o curso primário na Escola Getúlio Vargas com a mestra Rachel Lopes Costa e o primeiro ano secundário no Instituto Isaías Alves, ambos, no Barbalho, pois a essa altura a família havia mudado para a Lapinha. Aliás, foi na Lapinha que começou a aprender violão, seu primeiro contato com o mundo da música, intermediado, no caso, pelo repertório projetado pela mídia de então, Jovem Guarda e Beatles, Foi também na Lapinha que teve maior contato com a vida em comunidade de bairro popular, numa Salvador que não passava de 600 mil habitantes, que sentiu a presença marcante da negritude na Liberdade, que entendeu o ‘2 de Julho’ e de seu cortejo anual participou ativamente. Em 1967 grandes mudanças: entra para o Colégio de Aplicação da UFBA e a família muda-se de volta para Brotas. O gosto musical modula para a bossa nova e a MPB. Nasce a consciência política. Em 1969 ingressa nos Seminários de Música da UFBA, aos 14 anos, para estudar trompa e piano, mas logo se aproxima do movimento de composição liderado por Ernst Widmer, estudando composição com Jamary Oliveira e o violoncelo com Piero Bastianelli. O gosto musical explode em várias direções, de Smetak à música da Renascença. Em 1972 conclui o curso secundário no Colégio de Aplicação, com louvor, e passa nos vestibulares de Medicina da Escola Baiana e da UFBA, naquele em primeiro lugar (a UFBA não divulgava a classificação). Ao final do ano, decide largar o curso de Medicina e dedicar-se totalmente à música, dividindo atenções entre o violoncelo e a composição. Neste breve ano de medicina estagia durante cinco meses no Hospital Ana Nery, hospital psiquiátrico que, sob a direção de Aurélio Andrade, experimentava funcionar como ‘comunidade terapêutica’ – quase todos os pacientes soltos, reunindo-se em pequenos grupos e em assembleias semanais. Uma experiência inesquecível de ‘democracia desviante’, em plena ditadura. Em termos de experiência musical, vibra com sua entrada para a Orquestra Sinfônica da UFBA, e suas atividades de música de câmara, tocando suítes de J. S. Bach e sonatas de Beethoven e Brahms para violoncelo e piano. Em 1974, inicia formalmente seus estudos superiores de música, dividindo atenções entre o violoncelo e a composição. Em 1976, grandes acontecimentos: Casa-se com Ana Margarida Cerqueira Lima, filha de Jayme Gonçalves Cerqueira Lima e Maria José de Almeida Cerqueira Lima, com a qual terá dois filhos, Cláudio e Maurício. Ganha bolsa de estudos para a Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, para onde se transfere. Tem sua primeira obra executada em público.

Tocatta

Possui graduação em Composição, Bachelor of Music (with Honors), na University of Illinois (1977), e Mestrado em Educação Musical também obtido na University of Illinois (1978) e reconhecido pela UFBA, tendo recebido orientação de Herbert Brün, Ben Johnston e Richard Cowell. Doutorado em Educação pela UFBA (1999) com Tese sobre a Pedagogia da composição de Ernst Widmer e um segundo Doutorado em Artes, pela Universidade de São Paulo (2000), com Tese sobre a Relação entre superfície e estrutura na música octatônica de Ernst Widmer. Professor da Universidade Federal da Bahia desde 1979, atuando na graduação e na pós. Registra em seu catálogo 90 composições e 300 performances destas, em mais de 15 países, levando a participações em festivais no Carnegie Hall (1996), no Lincoln Center (2001), em Seattle (Orquestra Sinfônica de Seattle), na sala Rode Pompe (Bélgica), na KonzertHaus de Berlim (2004), em Campos de Jordão, na Sala Cecília Meireles, Sala São Paulo, Teatro Brás Cubas (Santos), tendo merecido crítica do New York Times e do Deutscher Zeitung e verbete do Grove Dictionary of Music and Musicians (2001). Já publicou dois livros (1999 e 2005) e organizou outros cinco. Vem publicando artigos e capítulos de livro (cerca de 40) em edições nacionais e internacionais, desde 1981, quando criou a Revista Art na UFBA. Ao longo de sua carreira já foi Chefe de Departamento e Diretor da Escola de Música, tendo sido o responsável pela retomada dos Seminários internacionais de Música, pela criação da Pós-Graduação nesta área, e pela criação do Memorial Lindembergue Cardoso com ampliação do espaço físico da Escola. Foi Pró-Reitor da UFBA em duas gestões (1996-2002), tendo sido responsável pela concepção e implementação do Programa UFBA em Campo e ACC – Atividade Curricular em Comunidade, pela aproximação entre Universidade e Carnaval, pela criação da TV UFBA e Rede de Outdoors, entre outras realizações. Presidente da Fundação Gregório de Mattos (2005-2008), órgão responsável pela cultura em Salvador, deu atenção especial à relação entre cultura e participação popular, especialmente através de diálogos entre cultura letrada e ancestralidade; implantou a Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Viva Cultura, restaurou a Casa do Benin, lançou o Programa Capoeira Viva 2007, criou o Conselho Municipal de Cultura, o portal de cultura da FGM, o Festival Viva Salvador, os programas Mestres Populares da Cultura e Estação Cultura, entre outros, lançando mais de 50 produtos (livros, CDs e vídeos), tendo sido homenageado com a mais alta comenda do Legislativo Municipal, a Medalha Thomé de Souza. Membro fundador da Congregação do IHAC (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA) e coautor do Projeto de BI das Artes (2008). Seus principais interesses de pesquisa são: composição e identidade cultural, ensino de composição, música e psicanálise, gestão universitária e gestão cultural. Foi consultor do Fórum Mundial de Cultura, Fórum Mundial de Turismo (Odebrecht – Instituto de Hospitalidade), participou e presidiu a Câmara de Letras e Artes da FAPESB (2003-2005), retornando em 2009 como membro, ingressou no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia-IGHB a partir de 2007. Foi pesquisador do CNPq a partir de 1983, reingressando no sistema posteriormente como pesquisador com bolsa de produtividade. Escreve regularmente para o portal Terra Magazine (âmbito nacional) e colabora com o Jornal A Tarde (Salvador-BA) desde 1981, já tendo publicado mais de duzentos artigos. Membro do Conselho de Cultura do Estado da Bahia (2007-2010). Foi eleito em 2009 para a Academia de Letras da Bahia na cadeira 8, tendo como patrono Cipriano Barata, e eleito em 2014 para a Academia Brasileira de Música na cadeira 21, tendo como patrono Manoel Joaquim de Macedo.

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