Licurgo, o filósofo

Por Fernanda Pimenta, Ordep Serra e Estácio Fernandes

DESCRIÇÃO DA IMAGEM 
Painel O filósofo Licurgo

Em uma parede branca, painel figurativo de azulejos portugueses pintados em vários tons de azul, datado de 1733. 
A obra apresenta 252 cm de altura por 350 cm de largura, tendo cada azulejo 14 x 14 cm.
Em tons de azul e branco, o painel retrata o momento considerado como a origem da Filosofia Moderna no estilo barroco. 
Entre duas árvores, um grupo de pessoas, composto por homens, mulheres e crianças, está ao centro de um local aberto, olhando para um homem com barba e túnica, que está em pé à direita, segurando ao lado do corpo uma placa retangular. 
Próximo à base da placa, o nome LICVRGVS (Licurgo), que teria sido um lendário legislador espartano, e um cachorro magro bebendo algo em um balde. 
Atrás do grupo, construções de diferentes estilos compõem o fundo da imagem. A moldura do Painel é composta por anjos e arabescos distribuídos simetricamente dos lados. A moldura tem, nas laterais, colunas que contém em seu centro um anjo barroco, com cabelos encaracolados curtos, feições e físico infantis. No alto das colunas e ao centro da moldura, existe uma ponteira, cujo formato lembra um vaso com tampa. No centro da moldura, ao alto, outros dois anjos, olhando para direções opostas, enfeitam a lateral de um escudo, que tem os dizeres em latim PVLUS IMPERIO MORES FACIT, que podem ser traduzidos como “Sob o império das leis o povo forma sua moralidade”. Abaixo do escudo, o rosto de um anjo entre arabescos. A barra inferior da moldura, reta e com detalhes de formas geométricas variadas, tem, no centro, dois anjos também em posições simétricas e apoiados em arabescos. Entre eles, um grande camafeu com o dizer ANNO DE 1733.
FIM DA DESCRIÇÃO.
Painel O filósofo Licurgo
Audiodescrição

O painel com o filósofo Licurgo é o maior da coleção dos painéis azulejares do Palacete Góes Calmon e é de ótima qualidade artística, datado de 1733, demonstrando grande domínio do desenho, perspectiva e técnica e da técnica de pintura sobre o azulejo.

A obra apresenta 252 cm de altura por 350 cm de largura, tendo cada azulejo tem aproximadamente 14 x 14 cm. Em tons de azul e branco, o painel retrata o momento considerado como a origem da Filosofia Moderna no estilo barroco. No centro do painel, entre duas árvores, está um grupo de pessoas, composto por homens, mulheres e crianças, olhando para um homem com barba e túnica, que está em pé à direita, segurando ao lado do corpo uma placa retangular com rabiscos. Próximo à base da placa, o nome LICVRGVS (Licurgo), e um cachorro magro bebendo algo em um balde. Atrás do grupo, construções de diferentes estilos compõem o fundo da imagem.

O personagem Licurgo teria sido um lendário legislador espartano, no que hoje chamamos de Grécia. A maioria dos historiadores acha que sua figura tem mais a ver com o mito do que com a história, embora não descartem que pode ter havido um antigo rei espartano com este nome, ao qual se atribuíram as mais antigas leis espartanas. Em Vidas de Homens Ilustres ou Vidas Paralelas (1985), uma compilação de várias biografias de homens ilustres da Roma Antiga e da Grécia Antiga, Plutarco faz uma espécie de biografia de Licurgo, mas já de começo admite que nem mesmo a datação do transcurso de sua vida é seguro. São muitas as incertezas que ele acusa. O ensaio de Plutarco teve grande sucesso e não só produziu incontáveis comentários e glosas como motivou inúmeras representações artísticas na Europa, inclusive no século XVII, quando deve ter se originado a imagem original que se baseou este painel de azulejos deve ter sido elaborado, por certo com base em alguma gravura ou pintura da época. Os puti são elementos ordinários de composição nesta classe de produto artístico.

Na página 6 do livro Theatro Moral de toda a filosofia (1776) encontramos a imagem intitulada “A educação muda costumes”, de Otto Van Veen, um pintor, desenhista e humanista que viveu em Antuérpia e Bruxelas no final do século XVI e começo do século XVII, que serviu de referência para o painel que se encontra na sala da diretoria da Academia de Letras da Bahia.

Na página 6 do livro Theatro Moral de toda a filosofia (1776) encontramos a imagem intitulada “A educação muda costumes”, de Otto Van Veen, um pintor, desenhista e humanista que viveu em Antuérpia e Bruxelas no final do século XVI e começo do século XVII, que serviu de referência para o painel que se encontra na sala da diretoria da Academia de Letras da Bahia.
“A educação muda costumes”, de Otto Van Veen

A moldura do painel é composta por anjos com feições infantis e arabescos distribuídos simetricamente dos lados, que se relacionam com o estilo barroco. No alto do painel há um escudo com os dizeres em latim PVLUSIMPE IO MORES FACIT, que podem ser traduzidos como “Sob o império das leis o povo forma sua moralidade”. É o único entre os painéis que está datado: 1733.

A moldura do painel é composta por anjos com feições infantis e arabescos distribuídos simetricamente dos lados, que se relacionam com o estilo barroco. No alto do painel há um escudo com os dizeres em latim PVLUSIMPE IO MORES FACIT, que podem ser traduzidos como “Sob o império das leis o povo forma sua moralidade”. É o único entre os painéis que está datado: 1733.
moldura do painel

Referências:

PLUTARCO. Vidas Paralelas – Teseo-Romulo, Licurgo-Numa. Trad. Aurélio Pérez Jiménez. Madrid: Ed. Gredos, 1985.

Theatro Moral de la vida Humana, en cien emblemas; con el enchiridion de epicteto y la tabla de cebes, philosofo platonico. Brusselas, por Francisco Foppens, impreffor y mercader de libros. 1776

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