Mirella Márcia é eleita nova imortal da Academia de Letras da Bahia

Mirella Márcia é eleita nova imortal da Academia de Letras da Bahia

Mirella Márcia é escritora, pesquisadora do CNPq na área de Literatura e Professora Titular de Teoria Literária na UFBA. Autora de sete livros, tem numerosos artigos e capítulos de livros publicados no Brasil, em Portugal, na França e nos Estados Unidos.

Em 28 de março de 1957, nasceu Mirella Márcia Longo Vieira Lima, filha de Josefina e Herbert, irmã de Herbinho. Em sua pequena família, a escritora descobriu os afetos e as paixões que mais tarde encontraria nos livros e, também por isso, declara eterna gratidão ao trio que a acolheu, quando alcançou a vida. Amando a poesia, os teatros e os romances, Josefina incentivou a filha a ler e a dizer poemas em voz alta. De Herbert, veio a atração pela história, pelo cinema e pelo mar. A infância transcorrida no Porto da Barra foi vivida entre silêncio de peixes e sibilo de ondas.

Marcando todos os textos da autora, esses anos de aprendizagem ficam evidentes, principalmente em “O Curso das Águas”, livro de estreia surgido em 1981, e em “Um amor desconhecido”, livro de crônicas publicado em 2016. Tendo estudado no Colégio Maristas, Mirella Márcia realizou os cursos de Licenciatura e Mestrado em Letras, na UFBA, onde, em 1982, ingressou como professora e pesquisadora. Algum tempo depois, fez Doutorado na USP, sob a orientação do saudoso João Lafetá. Desse encontro inesquecível, resultou “Confidência Mineira; o amor na poesia de Carlos Drummond de Andrade”, livro publicado por duas editoras paulistas.

O retorno a Salvador trouxe, como novas experiências, a participação intensa em programas de incentivo à leitura – com destaque para o PROLER, da Biblioteca Nacional do Rio – e a produção regular de crônicas. Publicadas mensalmente no Jornal Soterópolis, as primeiras crônicas foram reunidas no volume “A música liberta” (2000); reestruturadas, algumas delas reapareceram no livro de 2016. Um estágio de pesquisa realizado na Biblioteca Nacional de Lisboa deu alicerce às reflexões que, amadurecidas durante um pós-doutorado na USP, integram “Cenas de amor em romances do século XX.” Em resenha feita na “Revista Quatro Cinco Um”, Marcelo Coelho observa que, nesse livro de 2017, a autora efetua análises isentas de jargões, atingindo uma escrita “clara como água”. Mirella Márcia regressou reiteradas vezes para a USP, onde manteve intenso diálogo com Alfredo Bosi. Em homenagem ao supervisor de seu terceiro pós-doutorado, escreveu sobre poetas que ele admirava.

Entre esses textos recentes, destaca-se “A casa vazia”, uma reflexão sobre o amor místico contido em sonetos de Jorge de Lima. Como se vê, o amor é tema que, privilegiado na produção crítica da autora, tem papel importante em sua literatura. Os poemas de “A torre infinita”, livro de 2011, evocam a perda do ser amado e as dificuldades enfrentadas no processo de luto. Integrando o conjunto de narrativas ficcionais reunidas em “Histórias e histórias da Bahia” (Editora Caramurê, 2021), o conto “Uma mulher como tantas” centra-se na figura de Agnese Trinci Murri, cantora italiana e derradeiro amor do poeta Castro Alves. Em “Um quarto muito amplo” – memorial acadêmico com poucos exemplares físicos, mas acessível no Repositório Institucional da UFBA – Mirella Márcia esclarece que a crítica, a pesquisadora e a escritora nutrem- se em uma mesma fonte: a leitura; estando aí incluída a leitura da vida.

Livros em ordem de publicação: “O curso das águas” (Poemas, 1981), “Confidência Mineira: o amor na poesia de Carlos Drummond de Andrade” (Ensaio, 1995); “A música liberta” (Crônicas, 2000); “A torre infinita” (Poemas, 2011); “Um amor desconhecido” (Crônicas, 2016); “Um quarto muito amplo” ( Memorial acadêmico, 2017); “Cenas de amor em romances do século XX” (Ensaios, 2017).

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